Back to top

Parceria com Sírio-Libanês avança na gestão hospitalar

Curso reúne 64 profissionais do INI e IFF

Desde março, um grupo de 64 gestores do Instituto Nacional de Infectologia (INI) e do Instituto Fernandes Figueira (IFF) participam de uma capacitação em gestão hospitalar, realizada em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. O curso tem duração de dez meses e os encontros acontecem três vezes ao mês fora do Campus de Manguinhos. A ação está inserida no Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG), da Escola Corporativa Fiocruz, e integra um conjunto de iniciativas de formação e implementação de projetos que vêm sendo desenvolvido nos dois institutos tendo como foco a melhoria dos processos de gestão hospitalar.

O curso está inserido em uma proposta maior do Ministério da Saúde: o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi SUS), que firma parcerias com hospitais de excelência da rede privada. O projeto com o Sírio-Libanês tem como objetivo o apoio à modernização da gestão de ambos os Institutos por meio de um programa de ações focadas no aperfeiçoamento e implantação do escritório de projetos, gestão estratégica, perfil das competências, gestão de processos, além da revisão do desenho arquitetônico proposto para os Institutos e alinhando ao cenário futuro da operação do Complexo dos Institutos Nacionais da Fundação Oswaldo Cruz (CIN) com vistas a buscar compatibilidade nos serviços prestados.


Um dos coordenadores do curso, Edson Erial, explica que na fase de montagem da proposta foi realizado um levantamento de temas de interesse da gestão de ambos os Institutos. “Há um curso semelhante a esse, em gestão hospitalar, que já é ministrado pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), braço de educação do Hospital Sírio-libanês. Ele foi todo remodelado para atender as necessidades da Fiocruz”, explica o coordenador.


Escola Corporativa Fiocruz

O curso conta com o apoio da Escola Corporativa da Fiocruz, que realiza uma série de atividades organizacionais junto aos alunos e à equipe de docentes do Sírio-Libanês. “O papel da Escola tem sido fundamental, desde a participação na concepção do curso, no conteúdo, na modelagem e, também, na seleção dos alunos e no acompanhamento do desempenho dos mesmos”, explica Marcia Amaral, também coordenadora do curso.

Marcia destaca que o projeto é uma iniciativa pioneira com a Fiocruz e que a existência de uma diversidade no perfil dos alunos é desejada para o processo de formação que se almeja com os módulos. “Já podemos visualizar sinais de mudanças nos alunos. Às vezes não são grandes, mas trazem resultados para o trabalho da equipe. Temos buscado estabelecer ligações entre as áreas. Temos também fortalecido as relações e a compreensão do próprio papel do gestor para que haja um resultado institucional satisfatório”, afirma Marcia.

Alunos aprovam iniciativa

Os 64 gestores selecionados para o curso de gestão hospitalar foram divididos em duas turmas. Além dessa divisão, quatro facilitadores do Sírio-Libanês são responsáveis por atender subgrupos com 16 alunos, ajudando, ao longo dos módulos, na interação com os especialistas trazidos para ministrar aulas de assuntos específicos.

O biólogo Tiago Porto, que atua como Tecnologista em Saúde Pública na Plataforma de Pesquisa Clínica do INI, diz estar muito satisfeito com o andamento do curso e o formato dos encontros, que segundo ele, trabalha com uma lógica diferente do normal, com muita pactuação e gestão compartilhada. “O conhecimento vem sendo construído em conjunto. Isso é importante porque conseguimos ver essas formas de construir de maneira mais participativa. Trazer as pessoas para a construção da base proporciona um sentimento de pertencimento e gera uma massa crítica diferenciada”, diz Tiago.

Tiago destaca que ainda é muito precoce para avaliar resultados individuais decorrente das aulas, mas que já iniciou algumas mudanças individuais. “Eu me incluí em alguns projetos dentro da unidade e estamos trabalhando para construir espaços de discussão e resolução de problemas de maneira pactuada. Eu acho que isso já pode ser visto como um desdobramento do curso. Já estamos transmitindo esses conhecimentos para os colegas que não estão inscritos”, afirma.

A farmacêutica Patricia Helena, que atua no Serviço de Farmácia do INI, faz um “balanço extremamente positivo” do curso. Para ela, os encontros proporcionam reflexões profundas, não tratando as rotinas e processos como coisas impessoais, mas sim de como lidar com questões subjetivas que aparecem nas rotinas de trabalho. “Às vezes, o fato é o mesmo, mas pode ser encarado pelas pessoas de diferentes formas. De repente, eu passei a ver os fatos da minha rotina, que eu encarava de uma forma, e comecei a entender o contexto, conviver com pessoas diferentes. Essa convivência foi muito boa”, comenta.

Patricia fala da relação com os colegas de curso. “Desde o primeiro dia de aula percebo que há liga entre os alunos. É fácil lidar com pessoas que tem objetivos em comum, de querer melhorar tecnicamente como pessoa e focar no paciente. O objetivo comum acaba unindo de diversas formas”.

Novas parcerias

A parceria do Sírio-Libanês com a Fiocruz, via Ministério da Saúde, deve seguir até dezembro quando termina o triênio 2015-17. Fábio Patrus, diretor de Gestão de Pessoas do Sírio-Libanês, enfatiza que um novo ciclo começará e que há interesse do hospital em criar novas possibilidades de parceria. “Perguntamos para o Ministério da Saúde qual é a pauta, qual o interesse para que possamos preparar projetos. Na área de ensino tem um projeto base que vai sendo adaptado às realidades. Sempre trabalhamos com essa lógica de construir perfis de competência com profissionais do setor. O programa aplicado na Fiocruz conversa com um já existente, foi adaptado para um modelo de competência profissional com a característica da Fiocruz”, explica.

Segundo Patrus, o Sírio-Libanês, por meio do IEP, já participa há alguns anos desses projetos de ensino e qualificação do SUS. “Já fizemos muitas coisas, temos tradição nisso. Uma das nossas características está associada a própria metodologia de ensino. Acreditamos em um modelo de aprendizagem a partir da reflexão do próprio profissional. Todos têm repertório e experiência. Os programas e os professores são muito mais facilitadores e condutores de reflexão dos alunos sobre suas práticas e de como podem ser melhoradas. Nós trabalhamos muito forte esse ponto a luz de um modelo de competência de um gestor público ou privado. Ele próprio que constrói o conhecimento e faz a reflexão para mudar a sua prática”, comenta.

Para Patrus, a gestão de pessoas é uma área que toca todo mundo. A ideia é estimular, por meio de provocações e geração de questões de aprendizagem, que os gestores façam suas próprias buscas. “Quem está no curso são pessoas que já estão em uma posição de gestão, já têm algum manejo sobre times. Nesse caso toca no jeito que eles lideram no dia a dia. O que eu vejo é uma certa surpresa e uma sensação do tipo, não vai dar para fazer isso na minha realidade. Nós tentamos desconstruir isso o tempo todo. Dá para fazer. Se o RH não tem um instrumento ideal, faça uma boa conversa com a equipe e veja o que é possível realizar dentro da própria realidade”.

Carla Kaufmann, diretora da Escola Corporativa Fiocruz, ressalta a importância desta parceria profícua e o quanto a metodologia do curso está alinhada ao modelo pedagógico e as premissas da Escola. "A metodologia adotada possibilita maior aplicabilidade dos conhecimentos ás práticas profissionais e fortalece a rede de aprendizagem em Gestão'. Ressalta, ainda, a importância da ampliação desta parceria para oferta de novas ações educacionais no âmbito da formação gerencial e profissional.