A Escola Corporativa Fiocruz lançou, na manhã do dia 5/9, o segundo ciclo do programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG). A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade compareceu ao evento e destacou que o maior desafio do PDG é “construir relações de solidariedade num ethos em que todos se sintam parte da instituição.” Para Nísia, o desafio da solidariedade é imenso e parte da construção de um espaço em que a partir das diferenças entre as pessoas se possa contribuir para o crescimento do SUS e criar relações virtuosas com setores privados. A presidente da instituição lembrou o episódio de incêndio do Museu Nacional, “um momento triste, mas que coloca a urgência da revalidação dos processos de trabalho”, destacando a importância do papel da Escola Corporativa num cenário de rápidas transformações não só tecnológicas, mas também de relações humanas.
O coordenador-geral de Gestão de Pessoas, Juliano Lima, saudou a iniciativa e lembrou que o PDG capacitou no seu primeiro ciclo cerca de 270 gestores da instituição, que terão agora a oportunidade de dar continuidade ao trabalho iniciado em 2014. Além de ações direcionadas aos profissionais que participaram do primeiro ciclo, o PDG terá programação voltada também para novos participantes. “O PDG representa mais um passo que a Fiocruz dá rumo à valorização dos seus quadros de trabalhadores da gestão”, afirmou Juliano que defendeu também a importância e a ampliação do ensino corporativo na instituição como sendo um “elemento estruturante e central” para a execução da missão da Fiocruz.
O vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Moreira, afirmou que o PDG “se reveste de ineditismo pela sua magnitude”, destacando o elevado número de gestores que passaram pelo programa e disse que a iniciativa é tratada com muita importância devido ao papel central que a formação de gestores tem no desenvolvimento institucional. “O Programa consolidado entra no rol de estratégias de capacitação de quadros da Fiocruz”, afirmou. Mario Moreira foi o primeiro palestrante do evento e abordou na sua apresentação o contexto atual do Brasil e o papel da Fiocruz diante deste cenário em que é percebível um declínio dos indicadores sociais e econômicos, num claro “retrocesso se comparado a 2014”, quando havia um desenvolvimento inclusivo e uma relação positiva entre Fiocruz e governo. “Hoje, o movimento é oposto”, disse, citando como exemplo a dificuldade em se manter índices razoáveis de cobertura vacinal.
Mario falou ainda sobre a necessidade de fortalecer as atividades finalísticas da Fiocruz e garantir a eficiência nos gastos de sustentação da instituição e destacou que o PDG pode contribuir para necessidades fundamentais da instituição, como a preservação do orçamento para o cumprimento da missão institucional.
Palestras sobre engajamento e motivação marcam o evento
Na sequência de apresentações, Denize Dutra, consultora e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), abordou a questão do engajamento das equipes. Para Denize, o engajamento passa pela percepção do protagonismo das pessoas. Segundo ela. protagonismo não pode ser terceirizado e depende de algumas ações humanas que se fazem fundamentais como valorização, diálogo e confiança. “É necessário construir um ambiente de confiança. Quanto menos confiança, mais necessidade de controle. As pessoas criam estruturas de barreira e defesa”, explicou. A consultora afirmou que a matéria prima para o engajamento é a motivação, um fator intrínseco ao indivíduo.
Denize destacou que uma organização com perfil burocrático e patriarcal se utiliza de táticas manipuladoras de gestão. Para ela, é necessário ingressar em um ciclo empreendedor, tendo o trabalhador como protagonista, estimulando a autonomia das pessoas, com foco nos resultados e priorizando o interesse coletivo. Neste cenário ideal é exigida a utilização de táticas autênticas com transparência das informações. Denize abordou também o que ela chamou de pilares de engajamento, que consiste em alinhar pessoas diferentes capazes de perceber quais as contribuições que podem dar para a instituição e como se relacionar com outras áreas. Neste cenário a liderança tem papel fundamental na criação de vínculos com pessoas, estimulando para que elas façam e queiram fazer o melhor e gerar um ambiente de bem-estar. “Liderança tem papel de transformação, mas para isso acontecer é preciso ser o exemplo”, finalizou Denize.
Anderson Sant’Anna, da Fundação Dom Cabral (FDC), entidade parceira da Fiocruz no PDG, iniciou sua fala dizendo que seu propósito era estimular os gestores a problemáticas no sentido de se sentirem desafiados a buscarem respostas ou novas questões. Sant’Anna enfatizou que as relações humanas perpassam tanto no setor público quanto no privado. O relacionamento com o outro é parte fundamental do trabalho do gestor e deveria ocupar 75% do seu tempo. “É necessário ajudar o indivíduo a construir a sua narrativa”, explicou.
Sant’Anna falou que mudanças não podem ser encaradas como problemas. “O problema é o ritmo dessas mudanças.” Para o professor da FDC, o mundo contemporâneo tem uma maior complexidade, após o rompimento de um círculo ao fim da década de 1970. “Estamos buscando ainda um novo círculo virtuoso”, disse Sant’Ana, explicando que há uma preconização de um padrão de competitividade baseado nas relações e nas inovações coletivas que trazem implicações organizacionais. “Começamos por lidar com as próprias relações humanas”, afirmou. Neste cenário, faz-se necessário lidar com as diferenças. Para o palestrante, antes éramos aderentes e obedientes e agora o desafio do gestor é criar ambientes de diversidade, que em seu papel gerencial deve mediar contradições e paradoxos, contribuir com a equipe para o alcance de objetivos e se antecipar e regular os possíveis conflitos.
Sobre o PDG
No fim da manhã, a diretora da Escola Corporativa, Carla Kaufmann, apresentou o programa e as ações previstas para o novo ciclo. Carla ressaltou que as competências foram atualizadas com base nas pesquisas feitas e com a experiência do ciclo anterior, considerando todas as dimensões deste novo desafio e as diretrizes da atual gestão da Fiocruz. Ela listou os cinco pilares do programa – desenvolvimento de equipes; pós-graduação; liderança e resultados; PDG.com e educação corporativa –, explicando seus mecanismos e objetivos. Ao concluir sua fala, Carla lembrou a atuação da Escola em parceria com instituições renomadas e citou o surgimento de novas oportunidades de capacitação no campo da gestão por meio da iniciativa. Clique aqui e saiba mais sobre o novo PDG.
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