por Giana Pontalti | notícia publicada em 12.8.2022
A transformação digital foi tema de seminário promovido pela Escola Corporativa Fiocruz em parceria com a Coordenação-Geral de Planejamento Estratégico (Cogeplan) na segunda-feira (8). O seminário As novas tecnologias digitais e seu impacto na Gestão Pública: iniciativas em transformação digital na Fiocruz foi uma ação do Programa de Desenvolvimento de Pessoas (PDP) do Sistema Integrado de Planejamento, que tem como público-alvo 283 trabalhadores das áreas de planejamento. O evento contou com 91 deles inscritos.
O Programa foi lançado em 2020 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento técnico e comportamental dos integrantes do Sistema de Planejamento da Fiocruz. Desde fevereiro de 2022, os participantes podem trilhar os Percursos de Aprendizagem de transformação digital disponíveis no Campus Virtual, na área da Escola Corporativa. Os percursos trazem uma série de conteúdos qualificados e customizados para o desenvolvimento da competência “transformação digital”.
“A transformação digital não é um objeto ou um projeto, mas uma mudança cultural em que podemos colocar as tecnologias à nossa disposição para fazer mais e melhor. Podemos aplicá-las para resolver problemas, ampliar serviços. São tecnologias capazes de processar dados e nos apoiar na tomada de decisão”, destacou Fábio Lamin, coordenador de planejamento da Cogeplan.
“Destaco a importância do Programa de Desenvolvimento de Pessoas realizado pela Escola Corporativa com base não só nas questões trazidas pela Cogeplan, mas por todo o Sistema de Planejamento. O Programa é uma iniciativa muito importante porque precisamos parar para pensar. Estar em um Programa de Desenvolvimento nos ajudar a pensar, a sair do problema e olhar para a solução e inovação”, disse Cláudia Martins, coordenadora de cooperação técnica da Cogeplan.
O SEMINÁRIO
O seminário foi conduzido por José Vicent Payá, analista de Programas de Desenvolvimento da Escola Corporativa. Payá apresentou o objetivo do PDP do Sistema Integrado de Planejamento e lembrou que a transformação digital é uma das cinco competências funcionais mapeadas para o PDP do Sistema Integrado de Planejamento.
Ricardo de Godoi, coordenador-geral da Cogeplan, abriu o evento comentando os recentes movimentos institucionais relacionados à transformação digital na Fiocruz. Fez um breve panorama da evolução do tema na instituição e informou que um novo comitê está sendo formado: o Comitê de Governança Digital. “Uma das primeiras atribuições desse novo comitê será a proposição de uma estratégia mais ampla de transformação digital para o conjunto de macroprocessos da organização. Em breve, teremos uma discussão mais estruturada a partir de uma proposta desse Comitê, que dê conta do conjunto de macroprocessos, serviços e projetos da Fiocruz”, disse.
Renata Almeida, coordenadora da Coordenação da Qualidade (CQuali), falou sobre a transformação digital dos serviços na Fiocruz. Explicou que a transformação digital de serviços começou em 2017 e 2018 atendendo a um movimento de governo que propõe a ampliação da transparência dos serviços prestados à sociedade.
“Temos hoje 183 serviços publicados no portal da Fiocruz. Dentre eles, 104 são parcialmente digitais, 37 são totalmente digitais e 42 não são digitais ou digitalizáveis porque exige etapa presencial”, pontuou.
A coordenadora da Qualidade reforçou que a transformação digital chegou para ficar e que cada vez mais as atividades e operações têm sido digitais. Destacou, ainda, as várias teses do Congresso Interno que falam da importância da transformação digital.
SAÚDE PÚBLICA DE PRECISÃO – VIGIVAC E TELECORONAVÍRUS
O pesquisador da Fiocruz Bahia, Manoel Barral, mostrou como a ciência de dados tem sido utilizada a favor da saúde pública. Barral falou sobre a saúde pública de precisão.
“O digital em si não é um objetivo. O que buscamos é agir com maior precisão em alguns aspectos da saúde e, para isso, usamos grande volume de dados. A saúde digital pode assegurar que mais 1 bilhão de pessoas tenha acesso à cobertura universal de saúde, além do 1 bilhão que já tem, aumentando a eficiência, o diagnóstico médico, as decisões do tratamento baseado em dados etc”, disse.
Barral apresentou o caso do Programa VigiVac, que avalia a efetividade vacinal quando as vacinas alcançam a população geral. O Programa produziu resultados a partir de informações coletadas em banco de dados do e-SUS Notifica, PNI e Sivep Gripe, entre outros. A partir do cruzamento de um enorme volume de dados, que envolveu mais de 100 milhões de vacinados, o VigiVac demonstrou que a dose de reforço era realmente necessária para proteger contra formas graves da covid-19.
“O VigiVac é um exemplo de como podemos usar as ferramentas digitais para aumentar a eficiência de avaliação de um programa de vacinação. O nosso banco de dados, do SUS, fez uma diferença enorme. Ele é o maior banco de dados que está sendo analisado no mundo. Outros países europeus têm bons bancos de dados, mas não têm uma população expressiva como a nossa. Tem mais gente vacinada no Brasil com a Janssen do que em toda a Escócia”, comentou.
O pesquisador também falou do Telecoronavírus como outro caso de transformação digital. O programa de teletriagem, realizado com as escolas médicas da Bahia durante os meses iniciais da pandemia, garantiu informação à população e, também, gerou uma série de dados que contribuíram para uma modelagem de espelhamento do vírus.
“Ao analisarmos os dados, observamos que as chamadas do Telecorona precediam ao aparecimento dos casos. Então, é possível usar os dados de teletriagem para fazer planejamento, saber onde vão ter mais casos, preparar toda essa logística para atendimento e suporte à população”, disse.
PAINEL FIOCRUZ TRANSPARENTE
O coordenador de planejamento da Cogeplan Fábio Lamin discorreu sobre o painel Fiocruz Transparente, outro exemplo de transformação digital em andamento.
A ferramenta surgiu na Coordenação-Geral de Administração (Cogead) a partir da necessidade de ampliar a visualização de dados orçamentários. O painel é, hoje, um meio oficial de comunicação referente ao orçamento entre Cogead, Cogeplan e demais unidades da Fiocruz.
“Assim como o Fiocruz Transparente, há outros painéis em pleno uso que trazem informações qualificadas que auxiliam na tomada de decisão. O painel de EPIs, criado durante a pandemia, é um exemplo”, disse Fábio.
Fábio reforçou que os profissionais de planejamento precisam parar para pensar nos problemas existentes e nos seus processos de trabalho, buscando melhorá-los fazendo uso das tecnologias existentes. “O nosso dia a dia é muito corrido, atravessado por demandas, mas precisamos parar e olhar para nossos processos, ver como podemos fazer diferente e melhor. Ninguém mais vive sem o Google Maps, sem um aplicativo de banco. As tecnologias estão aí em nosso dia a dia. Não podemos mais pensar em uma realidade nossa sem considerar as tecnologias existentes”, salientou.
Durante todo o evento, Ricardo de Godoi ressaltou a importância do envolvimento dos profissionais de planejamento no processo de transformação digital da instituição.
“Quando a gente propõe “Sistema Integrado de Planejamento”, nossa ideia é que não pensemos como unidade, mas como um todo. Somos todos Fiocruz. E a Fiocruz tem como missão ser uma instituição estratégica de Estado, que fortaleça o SUS. Assim, somos todos SUS. Dependendo do seu papel dentro da unidade, há sempre uma oportunidade de melhoria e ela nem sempre está clara. Temos uma situação problema que temos intenção de revolver? Vamos gastar mais tempo falando da solução do que justificando o problema”, pediu Ricardo.
SERVIÇO ELETRÔNICO DE INFORMAÇÃO (SEI)
A coordenadora de cooperação técnica da Cogeplan, Cláudia Martins, falou do SEI como um exemplo de transformação digital. “Uma das iniciativas que causou um grande impacto na gestão da Fiocruz foi a introdução do Sistema Eletrônico de Informação”, disse.
Cláudia mostrou como o SEI contribuiu para o aprendizado organizacional, inicialmente na digitização dos processos e, depois, na digitalização deles. Abordou o SEI na cooperação técnica, nas emendas parlamentares e no planejamento.
“Há 10 anos, as pessoas falavam em transformação digital como algo do futuro. Agora ela já está dada. Se a Fiocruz não está no mesmo estágio de outras organizações públicas ou privadas, isso não deve nos paralisar. A transformação digital é um processo”, reforçou. Cláudia explicou que o enfrentamento de barreiras organizacionais, seja a inércia ou resistência, faz parte do processo.
INTEGRAÇÃO E MUDANÇA CULTURAL
Após a exposição dos convidados, os participantes foram convidados a definir em duas palavras os desafios para o Sistema Integrado de Planejamento avançar rumo à transformação digital. Confira as respostas na nuvem de palavras:
GRAVAÇÃO DISPONÍVEL PARA OS INTEGRANTES DO PDP
O seminário teve uma duração de quase três horas. Todas as exposições e debate foram gravados.
A gravação está disponível aos integrantes do PDP – Sistema Integrado de Planejamento dentro do ambiente virtual de aprendizagem dos Percursos de Transformação Digital > Percurso Política Governamental.
PERCURSOS DE APRENDIZAGEM DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Para ingressar nos percursos, é preciso fazer uma breve inscrição: https://campusvirtual.fiocruz.br/gestordecursos/hotsite/transformacao-digital
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