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Escola Corporativa: há seis anos investindo no desenvolvimento de competências

Entrevista publicada em 15/12/2021 

A Escola Corporativa Fiocruz completou seis anos de atuação e chega ao final de 2021 de olho nas diretrizes discutidas no IX Congresso Interno. Elas guiarão o trabalho da Escola Corporativa nos próximos quatro anos.  

A Assessoria de Comunicação da Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe) aproveitou esse momento de debate institucional para conversar com Carla Kaufmann, diretora da Escola Corporativa. Carla fala da trajetória da área e do papel das lideranças na construção da Fiocruz do futuro. Confira!  

Ascom: Sabemos que o conceito de educação corporativa existe desde a década de 1980 e está diretamente relacionado à aprendizagem contínua nas organizações para que elas se mantenham sustentáveis. Como explicar a educação corporativa para quem não teve contato com esse tema? 

Carla:  O que a gente faz é capacitação. Só que essa capacitação tem um sentido mais amplo, de desenvolver competências organizacionais. Desenvolvemos conhecimento no nível da organização, não só no nível do indivíduo. Esse é o diferencial da educação corporativa.  

O foco é o aprendizado organizacional, a mudança de cultura, a inovação, o desenvolvimento de competências estratégicas para apoiar a instituição no alcance de suas metas.  

Ascom: Investir em educação corporativa é reconhecer o valor estratégico das pessoas no atingimento dos objetivos organizacionais. Como promover a educação corporativa em uma instituição tão plural – em tamanho e frentes de atuação - como a Fiocruz? 

Carla: É justamente pela complexidade da Fiocruz que a educação corporativa aqui tem um diferencial. Ela não tem a mesma proposta, por exemplo, de uma instituição que tem apenas um foco de atuação. A capacitação que é ofertada pela Escola tem prioridades, está alinhada ao plano estratégico. 

Nós não temos a pretensão de dar conta de toda a capacitação da Fiocruz. Cada unidade tem a sua área de Gestão de Pessoas, que potencialmente pode promover o desenvolvimento local, com suas especificidades, seja capacitação técnica ou gerencial.  

A Escola faz o desenvolvimento coletivo, aquilo que queremos alcançar na organização como um todo. O Programa de Desenvolvimento de Pessoas do Sistema de Compras é um exemplo. Estamos desenvolvendo um Programa em parceria com uma unidade, a Coordenação-Geral de Administração (Cogead), para fortalecer esse sistema de compras em rede. Então, cada unidade pode fazer uma capacitação específica para uma pessoa que trabalha nessa área, mas essa capacitação do grupo, é feita pela Escola Corporativa.  

Ascom: A Escola Corporativa completou seis anos em outubro. Podemos destacar seis marcos de sua trajetória?  

Carla: Certamente há muitos marcos. Vale ressaltar que nós começamos a trabalhar, a oferecer algumas ações com a lógica da educação corporativa antes mesmo da implementação da Escola Corporativa em 2015.  

1. CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM SAÚDE 

Destaco como primeiro marco, o Curso de Especialização em Gestão de Organizações de Ciência e Tecnologia em Saúde, que foi desenhado na lógica da educação corporativa. O curso é anterior à fundação da Escola, mas é um marco porque mostrou a grande importância de termos um sistema de educação corporativa institucionalizado.  

Esse curso foi feito em 2013 para os analistas em saúde que chegaram a Fiocruz pelo concurso de 2010.  

2. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO GERENCIAL (PDG) 

O lançamento do Programa de Desenvolvimento Gerencial, em 2014, é outro marco. Começamos a desenhar o PDG na, então, Diretoria de Recursos Humanos (Direh), hoje Cogepe, antes da criação da Escola Corporativa.  

A inovação na gestão ganhava força na Fiocruz. Pedro Barbosa, então vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, era um entusiasta do desenvolvimento gerencial. À frente da Direh, estava o Juliano Lima, que também defendia investimentos na capacitação de gestores. O PDG é resultante desse movimento institucional que percebeu a importância de atingir na gestão o mesmo nível de excelência das demais áreas da Fundação.  

Destacamos, ainda, o mapeamento de competências, base do PDG, encomendado pela Fiocruz à consultoria externa e o trabalho de conclusão de curso de especialização de Adelia Araujo, que conseguiu traduzir muito bem o que a instituição queria, na época. A orientadora de Adelia foi a Andréa da Luz, então chefe do Departamento de Desenvolvimento. O Programa é resultante desses muitos esforços.  

Juliano, Andréa, eu, Adelia e o Luiz Antonio de Assis Ferreira, que veio de Bio-Manguinhos para integrar a equipe, trabalhamos para implementar o Programa. Em 2015, 173 profissionais participaram do primeiro ciclo de capacitação realizado em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Cerca de 600 trabalhadores já foram capacitados pelo PDG nesses seis anos. 

3. MESTRADOS E DOUTORADOS  

As formações stricto sensu são marcantes. Ressalto o investimento em pós-graduações, os mestrados realizados em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e com a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp)/ Fiocruz.  

O Mestrado em Política, Gestão da Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, da Ensp, oferece qualificação para os servidores como poucas instituições no país têm condições de oferecer. Como sempre destaca Carlos Gadelha, coordenador do Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz), esse mestrado forma pessoas, no âmbito da Fiocruz, comprometidas em colaborar para implementar os grandes objetivos estratégicos.  

Tem também os doutorados realizados em parceria com o Senai Cimatec (Rio de Janeiro e Salvador), com o Instituto Aggeu Magalhães (IAM), Fiocruz Pernambuco, e o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos). As formações do IAM e de Farmanguinhos foram os dois primeiros doutorados profissionais ofertados com exclusividade para os trabalhadores da Fiocruz.

O número de profissionais que fizeram mestrado e doutorado pelo PDG é muito significativo. Neste ano, por exemplo, temos 71 doutorandos.  

A Escola Corporativa garante recurso para a formação desses profissionais, contribuindo, assim, para o avanço de suas carreiras e para a geração de conhecimentos que vão alicerçar a construção da Fiocruz do futuro.  

4. METODOLOGIAS CUSTOMIZADAS  

É a partir do mapeamento de competências que nós planejamos os programas da Escola. Um dos marcos é, sem dúvida, a metodologia de mapeamento própria, desenvolvida pela Escola Corporativa, que leva em consideração o nosso contexto institucional e as orientações da Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas para a elaboração de ações de desenvolvimento.  

O mesmo acontece com os percursos de aprendizagem. A Escola Corporativa desenvolveu essa metodologia que oferta diferentes tipos e formatos de conteúdos para o aprendizado contínuo sobre determinado tema. Percursos diferem de cursos, pois são ferramentas vivas, constantemente atualizadas. Os participantes podem escolher que caminho trilhar, conforme o seu interesse e nível de conhecimento sobre o tema. O Percurso Comunicação, lançado nesse ano para o PDG, é um exemplo.  

5. LANÇAMENTO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA  

O quinto destaque são as capacitações à distância. Primeiro, participamos do Ciência Aberta, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação. Foi uma experiência ótima, em que a área de soluções educacionais da Escola pode trocar conhecimentos sobre os EADs.  

Depois, lançamos o EAD – Os desafios da liderança, Cursos 1 e 2, que traz conteúdos sobre comportamento organizacional e ferramentas para a gestão de pessoas. O EAD foi desenvolvido em parceria com a consultora Denize Dutra. Os dois cursos estão disponíveis a todos os profissionais que exercem ou almejam exercer cargos de liderança.

Neste mês de dezembro, lançamos o EAD - Introdução à Integridade de Dados, exclusivo, inicialmente, aos Participantes do Programa de Desenvolvimento de Pessoas do Sistema de Gestão da Qualidade. 

6. INOVA GESTÃO 

Como sexto marco, temos o Inova Gestão, que integra o Programa Inova Fiocruz. Pela primeira vez, em 2020, foi lançado edital que fomenta a inovação na gestão.  Ao todo, foram 28 projetos homologados que estão sendo executados em 2021 e 2022.  

Ascom: A Escola Corporativa busca promover uma mudança cultural na aprendizagem, que deve ser contínua e em rede. Como funciona o modelo de aprendizagem adotado pela Escola, o 70:20:10*? 

Carla: Sempre temos em mente que a capacitação proposta está muito ligada à realidade do trabalho. Não existe a separação entre a sala de aula e o trabalho. A sala de aula entra no trabalho. O mundo do trabalho é muito presente nas ações da Escola Corporativa, está o tempo todo inspirando essa discussão.  

Tanto esse modelo de aprendizagem (70:20:10) como modelos de gestão do conhecimento mostram que é importante não só gerar o conhecimento, mas disseminá-lo e debater como aplicá-lo na prática. Como se faz uma mudança? Como se implementa uma nova metodologia? Essas são perguntas importantes para nós.

Contemplamos, no desenho dos Programas da Escola Corporativa, uma diversidade de ações e estratégias. Todo o Programa tem debates, rodas de conversa, fóruns. Intercalamos ações que geram conhecimento e reflexão.  

* O modelo defende que 70% do aprendizado se dá nas experiências no próprio ambiente de trabalho, 20% nas interações sociais, na troca com os pares e 10% através de treinamento formal. Foi desenvolvido por Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael Lombardo, do Center for Creative Leadership, na Carolina do Norte (EUA). 

Ascom: Dos seis anos da Escola Corporativa, quase dois deles foram vividos durante o cenário de pandemia. No que a pandemia do novo coronavírus mudou a atuação da Escola Corporativa?  

Carla: O trabalho remoto ampliou a participação dos trabalhadores da Fiocruz em nossos Programas. Havia certa resistência à capacitação on-line. Ouvíamos “Ah, mas isso não dá para fazer on-line, tem que ser presencial”.  

Nós temos o desafio de olhar para toda a Fiocruz e a Fiocruz está presente em 10 Estados. Como atingir a todos em uma capacitação presencial? Hoje, ações e debates acontecem remotamente, sem barreiras. O que antes era uma exceção, passou a ser a regra. Nossas ações têm tido muita adesão, o que é um indicador favorável.  

Mesmo com a ampliação da participação, precisamos salientar que a Escola Corporativa faz uma capacitação dirigida. Cuidamos para que as capacitações cheguem a quem realmente precisa delas. Identificamos o público-alvo de cada Programa e somos proativos para encontrar e convidar esses profissionais.   

Ascom: Onde fica a Escola Corporativa e com que equipe ela conta?  

Carla: Estamos no prédio da expansão, na Av. Brasil, 4.036, em Manguinhos. Durante a pandemia, o espaço físico, planejado e montado para a Escola Corporativa, foi entregue. A nossa estrutura envolve uma sala para a equipe, outra para a direção e realização de reuniões e uma sala multiuso. Somos 13 profissionais, atualmente.  

Ascom: O que podemos esperar da Escola Corporativa nos próximos anos? 

Carla: Nosso grande objetivo é conseguir implementar as metodologias ativas*, promovendo maior interação e engajamento dos colaboradores.  

Queremos, também, mensurar os resultados da Escola Corporativa. Hoje, são feitas avaliações de reação, mas precisamos ir além. Como mensurar os resultados? Esse é um questionamento de todas as empresas e instituições que atuam com educação corporativa. Estamos investindo nessa reposta.  

*As metodologias ativas defendem que o aluno é o protagonista do seu aprendizado. Sala de aula invertida, gamificação, estudos de caso, salas virtuais de aprendizagem coletiva são algumas estratégias aplicadas.  

Saiba mais sobre a Escola Corporativa: www.escolacorporativafiocruz.br 

A diretora Carla Kaufmann:  
Cursando Doutorado em Gestão e Tecnologia Industrial pelo Senai-Cimatec, possui mestrado em Política e Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública-ENSP/Fiocruz, especialização em Tecnologias da Informação para Educação na UFRJ e especialização em Informação Científica e Tecnológica em Saúde pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde - ICICT/Fiocruz. Graduação em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá. Analista de Gestão em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, coordena a Escola Corporativa Fiocruz. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em gestão e desenvolvimento de recursos humanos e tecnologias educacionais.