por Giana Pontalti| Notícia publicada em 10.1.2025
O Programa de Desenvolvimento de Pessoas (PDP) Ecossistema da Ciência Aberta, promoveu, em novembro e dezembro do ano passado, quatro oficinas sobre Acesso Aberto. As capacitações fazem parte do Percurso de Aprendizagem Acesso Aberto, desenvolvido pela Escola Corporativa Fiocruz em parceria com a Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) para os trabalhadores da Fiocruz.
As oficinas, realizadas via plataforma Teams e ministradas pela equipe do Arca podem ser revistas na Comunidade Virtual da Ciência Aberta na área Ações. Para dúvidas sobre o acesso, entre em contato pelo e-mail escolacorporativa@fiocruz.br.
Confira o que foi abordado em cada uma das oficinas:
Oficina 1: Colocando o Acesso Aberto em prática
A primeira oficina, realizada em 11/11, apresentou o conceito de acesso aberto, explorando o histórico do movimento que surgiu em 1970 em prol da disseminação do conhecimento científico e seus avanços a partir da década de 1990. O evento destacou marcos importantes como a Declaração de Budapeste, que sugeriu a implantação de repositórios institucionais e o autoarquivamento de artigos científicos como estratégias para viabilizar o acesso aberto.
A importância dos repositórios institucionais e sua diferença em relação às bases de dados, como bibliotecas, foi enfatizada. “Um repositório não é apenas um local de armazenamento, é também um local de preservação de todo o conhecimento”, assinalou Claudete Queiroz, coordenadora do Arca e uma das facilitadoras da oficina.
As vantagens do acesso aberto e os desafios para sua implementação também foram discutidos. Os mecanismos de busca para conhecer as políticas editoriais das revistas também foram abordados.
"Tudo aquilo que é gerado a partir de um trabalho, seja uma tese, uma dissertação, um artigo, um relatório de pesquisa ou um trabalho apresentado em evento deve estar no repositório institucional. Se você não colocar isso em algum lugar, a sociedade não vai saber e acessar. Depositar documentos em um repositório é saber que a informação pode ser encontrada. Trabalhamos sempre para a democratização do conhecimento”, reforçou Claudete.
Oficina 2: Conhecendo o repositório Arca
A oficina promovida em 25/11 explorou o repositório Arca, abordando desde o conceito de repositórios, seus diferentes tipos (institucionais, temáticos, disciplinares e de dados de pesquisa), até a classificação, o histórico e os avanços do repositório Arca ao longo do tempo.
O bibliotecário Raphael Belchior, integrante da equipe do Arca, explicou que o repositório institucional da Fiocruz foi concebido inicialmente, em 2007, como um projeto de memória da produção intelectual do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict). Lançado em 2011, o Arca teve sua atuação consolidada pela Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, instituída em 2014. No ano seguinte, tornou-se um indicador global de desempenho do Governo Federal. Atualmente, o repositório conta com 30 comunidades e 26 tipologias de conteúdo, opera por meio do software livre DSpace e adota o padrão de metadados Dublin Core para descrição de documentos.
Além de apresentar o histórico do Arca, a oficina permitiu que os participantes explorassem a navegação do repositório e conhecessem algumas métricas como citações e altmetrias e o sistema de metadados. Foram também apresentados aos produtos gerados a partir do fortalecimento do Arca, como o Dicionário Bibliográfico dos Cientistas da Fiocruz, o jogo de memória criado para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e o chatbot Wal.
Um dos objetivos da oficina foi engajar os trabalhadores no uso do repositório. “Há alguns anos, armazenávamos arquivos em disquetes; depois vieram os pendrives e, hoje, utilizamos a nuvem. Atualmente, salvamos arquivos em formado PDF/A, mas não sabemos se, em 10 ou 15 anos, ainda utilizaremos esse formato. No Arca, estamos atentos às mudanças tecnológicas para garantir o acesso à produção intelectual a médio e longo prazo. Depositar documentos no Arca é fundamental para sua preservação”, destacou Claudete.
A inclusão de documentos no Arca amplia a visibilidade das descobertas científicas já que os conteúdos são indexados em mecanismos de busca. Outras vantagens do repositório são: facilitar a identificação dos trabalhos científicos, que recebem um identificador persistente, facilitando o acesso contínuo e sua citação; oferecer um ambiente seguro para o armazenamento permanente dos trabalhos; contribuir para a identificação de plágios, entre outras.
A segunda oficina abordou, ainda, o documento de referência que auxilia pesquisadores e trabalhadores no depósito de conteúdos, o Manual de tratamento de dados (metadados), o Plano Operativo e o Plano de Preservação Digital. Todos eles estão disponíveis no próprio repositório.
Oficina 3: Utilizando o repositório Arca
A oficina, realizada em 2/12, teve um enfoque prático, com o objetivo de ensinar os participantes a utilizarem o repositório Arca, começando pelo cadastro de novos usuários, um pré-requisito para fazer o autoarquivamento de documentos.
A equipe do Arca demonstrou como realizar buscas de documentos utilizando a barra de pesquisa na página inicial e o botão “Navegar por”. Foram explicados os métodos para selecionar filtros, aplicar operadores booleanos em buscas refinadas e ordenar os resultados conforme a necessidade do usuário.
A chefe substituta do Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação, Aline da Silva Alves, apresentou o processo de submissão de documentos na plataforma e destacou a importância de realizar um check-list. “Antes de um pesquisador depositar um documento, é fundamental realizar uma busca no Arca para verificar se ele já foi incluído, pois pode ter sido depositado pelo Núcleo de Ciência Aberta ou por biblioteca de referência. Também é importante procurar no Google, já que a base de dados do Arca é indexada nele”, reforçou.
Durante a oficina, foi demonstrado o passo a passo para a submissão de um documento, desde o login no sistema até o envio para certificação, passando pelo preenchimento dos metadados, definição de acesso (respeitando possíveis embargos) e revisão do objeto digital (arquivo a ser depositado). “O documento submetido não é publicado automaticamente no Arca. Ele segue para o gestor responsável que confere e certifica o documento no repositório. A partir da certificação é que ele se torna público, on-line, indexado pelos buscadores, coletado por outros bancos de dados e plataformas que também disseminam essa informação em locais do mundo inteiro”, pontuou Aline.
Oficina 4: Realizando a curadoria no repositório Arca
A oficina, realizada em 9/12, foi direcionada aos bibliotecários responsáveis pela curadoria do repositório Arca e demais trabalhadores interessados em saber mais como é realizada esta tarefa na plataforma.
“Geralmente, associamos a palavra curadoria aos museus, onde o curador é quem cuida de uma exposição, decidindo o que chegará ao público. No Arca, a lógica é semelhante. O curador é quem zela pelo acervo digital a longo prazo, cuidando da organização e da preservação de todos os ativos (informações) digitais”, explicou Aline.
A quarta oficina abordou detalhadamente o processo de curadoria, incluindo um passo a passo para a verificação de inconformidades em artigos de periódicos. “A curadoria exige a adoção de padrões, a descrição por metadados e a adoção de boas práticas. O curador desempenha um papel ativo, agregando valor e garantindo que as informações sejam acessíveis e úteis a longo prazo. A curadoria digital envolve gestão, padronização e preservação”, destacou Aline.
A equipe do Arca apoia o trabalho dos curadores e está sempre disponível para esclarecer dúvidas. Na oficina, a equipe destacou o Manual de tratamento de dados: preenchimento de metadados para entrada no Arca - 3ª edição, como um recurso fundamental no trabalho de curadoria. A equipe também informou que o manual está em processo de atualização.
Catarina Pereira e Eder Freyre também participaram das oficinas, facilitando-as.
- Login para postar comentários