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A trajetória de Márcio Cavalcante no Doutorado em Gestão e Tecnologia Industrial

por Giana Pontalti | 14.1.2025 

Com o objetivo de propor um modelo de governança para redes de pesquisa formadas prioritariamente por pesquisadores, acadêmicos e gestores, Márcio Cavalcante, analista de gestão em saúde na Fiocruz Brasília, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Gestão e Tecnologia Industrial do Senai Cimatec, patrocinado pela Escola Corporativa Fiocruz no âmbito do Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG). Márcio foi o primeiro aluno de sua turma a apresentar a defesa de tese.  

“Entrei na Fiocruz em 2008. Desde o início, atuo no planejamento e gestão administrativa da unidade. Na época, já havia concluído especialização em Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e uma especialização em Inteligência de Futuro, Prospectiva e Estratégia pela Universidade de Brasília (UnB), mas só busquei uma pós-graduação stricto sensu cerca de dez anos depois. Finalizei o mestrado em 2018, no qual abordei a análise de um modelo para governança de redes de pesquisa. Quando vi o edital do Programa em 2020, submeti meu projeto, orientado pelo professor Wagner Martins e incentivado pela querida colega Cláudia Martins. Continuei na mesma temática e, a partir de revisão teórica, estruturei um modelo de governança para redes de pesquisa”, relata.  

Márcio integra a Turma 2A RJ, composta por 15 servidores, sendo ele o único de fora do Rio de Janeiro. “O formato do Programa previa uma semana de aulas presenciais no Rio a cada mês.  Por causa da pandemia, os encontros foram realizados on-line. Apesar disso, a experiência foi positiva, pois era muito gratificante encontrar os colegas mesmo que pelas telas durante o período de isolamento”, destaca.  

PESQUISA E MODELO PROPOSTO  

A tese, intitulada “Proposta de Modelo de Governança para Redes de Pesquisa e Inovação”, envolveu a análise de conceitos de redes, governança de redes e estruturação de capital intelectual em redes de pesquisa, além de aspectos relacionados à governança pública organizacional, já que o intuito era aplicar o modelo na Fiocruz. O trabalho de Márcio foi orientado pelos professores do Senai Cimatec Dr. Thiago Murari e Dr. Cristiano Vasconcellos Ferreira.  

A partir da metodologia Intellectual Capital Statement (InCaS), Márcio desenvolveu um modelo que abrange 15 dimensões de análise e 55 fatores críticos associados. Ele organizou as instâncias de governança do modelo em quatro comitês: gestor, de informação e comunicação, de coordenação de processos e de integração estratégica. “Essas 55 funcionalidades estão distribuídas entre os quatro comitês, que devem operar de forma integrada e articulada. É um modelo abrangente, dada a quantidade de fatores críticos identificados na literatura, mas que pode ser ajustado à realidade de cada rede”, explica.  

O modelo foi aplicado junto aos coordenadores e vice-coordenadores das redes do Programa de Pesquisa Translacional da Fiocruz. “Algumas redes estão em fase de constituição, enquanto outras, como as de Leishmaniose e Chagas, já operam há muito tempo. O resultado foi muito positivo”, ressalta.  

A pesquisa de Márcio foca na governança de redes formadas por pesquisadores. Por isso, a mobilização e integração dos atores são, segundo ele, elementos centrais. “São o cerne do funcionamento do modelo. Sabemos que o pesquisador geralmente não se preocupa muito com essa parte; ele quer trazer recursos, aplicá-los em sua pesquisa e apresentar resultados. Todo o suporte para que isso aconteça, como a prospecção de editais, aquisição de equipamentos e insumos e articulação com outros pesquisadores para desenvolver trabalhos em conjunto e averiguar se estão realizando a mesma pesquisa, está previsto no modelo. Essa parte dos comitês de comunicação e informação e de integração estratégica, que envolvem muita mobilização, articulação, interação e relacionamentos, é essencial”, pontua. 

Márcio defendeu sua tese em 28 de outubro de 2024, sendo o primeiro da Turma 2A RJ a fazê-lo antes do prazo regulamentar para a conclusão do curso. Ainda assim, sua jornada não foi fácil. 

REDE DE APOIO PARA NÃO DESISTIR  

Conciliar doutorado, trabalho e família é um desafio. "A jornada foi muito dura. Só nos últimos dois anos é que comecei a realmente me entusiasmar, quando encontrei o norte do projeto de tese. Isso depende muito do orientador também. Hoje, sinto-me satisfeito e acredito que alcançamos um bom resultado", avalia. 

A pandemia de Covid-19 trouxe desafios adicionais. Márcio perdeu a mãe e outras pessoas próximas durante esse período. "Em 2021, com o ritmo intenso e a perda da minha mãe, pensei em desistir. Minha cabeça não estava boa. Mas tive o total apoio e incentivo de minha família, minha esposa Danielle e minhas filhas Marcelle e Marianne", revela.  

Uma conversa com Carla Kaufmann, coordenadora da Escola Corporativa, foi também decisiva para que ele continuasse. “Estava preocupado com o prejuízo institucional. Sei que é investimento alto que a instituição faz em seu servidor. Um contrato desse com Senai Cimatec não é qualquer coisa. Carla destacou meu potencial e me incentivou a persistir”, pontua.  

O apoio do orientador Thiago e do coorientador Cristiano também foi fundamental.  “Além de profissionais, foram muito compreensivos. Quando disse a eles que estava com problemas em casa, tinha minha sogra acamada, havia perdido minha mãe e minha tia, eles foram me conduzindo com respeito às minhas limitações. Isso foi primordial para mim”, conta.  

Márcio também reconhece o suporte institucional para a qualidade do trabalho. "Embora não estivesse em licença, consegui dedicar dois dias por semana aos estudos, além das noites", diz. 

Ao ser questionado sobre conselhos para quem deseja ingressar em um doutorado, ele enfatiza: “É essencial conversar com a família antes e alinhar expectativas, pois você precisará renunciar a compromissos. Se possível, tirar licença do trabalho pode ser útil, mas no meu caso, as relações profissionais ajudaram a enriquecer a minha pesquisa. Por último, cuide da saúde mental, pois o psicológico influencia muito”, conclui.    

 

Confira os discentes da turma de Márcio que também defenderam suas teses em 2024:  

Carlos Augusto Reis  

em 29/11/2024 

Título da tese: Modelo de gestão para elaboração de estratégias: uma proposta às escolas de saúde pública do Brasil 

 

Alex Príncipe  

em 6/12/2024 

Título da tese: Dinâmica da gestão em saúde em contextos complexos: um framework adaptativo para decisão em emergências de saúde pública  

A tese foi um marco dos Programas do Senai Cimatec. Saiba mais. 

 

Cláudia Martins 

em 10/12/2024 

Tese: Desafios e estratégias para implementação e uso de plataformas digitais de gestão pública sob a perspectiva dos trabalhadores: um estudo de caso na Fundação Oswaldo Cruz 

 

Lúcio José de Oliveira 

em 18/12/2024 

Tese: Bem-estar no trabalho e engajamento laboral de servidores e terceirizados: uma estratégia de promoção da saúde mental e prevenção à violência no trabalho em um Instituto de Ciência e Tecnologia em Saúde 

 

Ao todo, 41 servidores da Fiocruz ingressaram no doutorado do Senai Cimatec, patrocinado pelo Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG), reforçando o compromisso da instituição com o desenvolvimento de seus trabalhadores. Eles  estão divididos em quatro turmas:  

Turma 1A SSA (Salvador) com 9 alunos 

Turma 1B SSA com 2 alunos 

Turma 2A RJ (Rio de Janeiro) com 15 alunos e 

Turma 2B RJ também com 15 alunos.   

 

Dos 41 discentes, 10 já defenderam suas teses.  Este é o último ano previsto para a defesa de todos os trabalhos.