A aula inaugural do curso de especialização em Gestão Hospitalar, desenvolvido em parceria pela Fiocruz e o Hospital Sírio-Libanês (HSL), aconteceu no dia 14/2 (terça-feira), no hotel Windsor Flórida, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O curso tem duração de dez meses e é voltado para servidores que tenham interesse ou façam interface com a gestão clínica ou que estejam exercendo cargo de chefia (DAS e FG), lotados no Instituto Nacional de Infectologia (INI) e Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF). Os encontros acontecerão três vezes ao mês fora do Campus de Manguinhos, no período de março a dezembro. A ação compõe o Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG) e está inserida no conjunto de iniciativas de formação e implementação de projetos que já vêm sendo desenvolvidos nos dois institutos com foco na melhoria dos processos de gestão hospitalar. A divulgação do curso e destinação das vagas, portanto, ocorreu especificamente nas duas unidades.
A presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, participou da mesa de abertura. Ela destacou que em momentos de crise é fundamental não reduzir, mas realizar ações como esta parceria no sentido de fortalecer as instituições. A presidente lembrou da tradição da Fiocruz em oferecer cursos de gestão hospitalar e destacou a importância de incorporar à agenda da Escola Corporativa essa experiência. Nísia sinalizou também a intenção de dar continuidade à parceria e a necessidade de se pensar além da gestão hospitalar, fazendo com que a experiência adquirida não fique circunscrita somente aos limites da Fundação.
O diretor do IFF, Carlos Maciel, destacou que o curso vem se somar ao processo de fortalecimento e constituição dos Institutos Nacionais. “Não é uma Portaria que transformará os nossos institutos e sim a força do nosso trabalho”, disse. O diretor do INI, Alejandro Hasslocher, seguiu na mesma linha e enfatizou que o curso surge como uma possibilidade para introduzir os servidores da área de gestão na prática do trabalho em conjunto, com atores azeitados e falando a mesma linguagem. “Poderemos ter um grupo homogêneo trabalhando em linhas bem definidas”, afirmou. O chefe de gabinete da Presidência da Fiocruz, Valcler Rangel, enalteceu o trabalho da Escola Corporativa na condução do trabalho de apoio e desenvolvimento da estrutura do curso realizado em conjunto com o HSL. “A tarefa de fazer gestão hospitalar e enfrentar adversidades só será superada com muita parceria e esse curso de especialização é um pedaço estratégico dessa parceria”.
O diretor de Estratégias e Projetos do HSL, Rogério Caiuby, entende que o curso é uma oportunidade para a troca de conhecimentos com o objetivo de reforçar o modelo de gestão da Fiocruz. O diretor salientou que poucas organizações conseguem oferecer iniciativas como esta para um grande grupo de colaboradores e que os encontros serão momentos propícios para a formação de uma rede envolvendo os gestores dos institutos. A superintendente de Ensino do HSL, Gislene Eimantas, destacou o caráter colaborativo entre as instituições na elaboração da ementa do curso e afirmou que os módulos foram customizados para atender à realidade da gestão institucional da Fiocruz.
Desafios do SUS
Após o encerramento da mesa de abertura, os alunos participaram da primeira atividade oficial acadêmica do curso: uma mesa de diálogo sobre o tema ‘Desafios e perspectivas do SUS’, com a participação da pesquisadora da Ensp, Isabela Soares Santos e da professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ana Maria Malik.
Isabela fez uma análise do modelo de saúde pública sobre uma perspectiva histórica, partindo da instituição do Código Tributário Nacional, em 1966, quando foi definida a isenção de IR para a área de saúde, até ações recentes que acabam por enfraquecer o Sistema. A pesquisadora elencou motivos para que se mantenha o SUS com caráter público e disse que o desafio é “tornar real o SUS que ainda é constitucional”.
Ana Maria iniciou sua apresentação ressaltando a impossibilidade de comparar o SUS com outros sistemas de saúde públicos internacionais. A professora apresentou alguns dados percentuais de utilização do SUS pela população brasileira, que de acordo com ela, chegam a 90%, sendo que 29% usam exclusivamente o SUS, 62% utilizam o sistema somado com alguma outra modalidade de acesso a serviços de saúde e apenas 9% da população não se enquadram em nenhuma categoria de usuário do SUS. Entre os desafios a serem enfrentados pelo Sistema, Ana Maria listou a redução das desigualdades, o aumento do financiamento, o aprimoramento do pacto interfederativo, a qualificação de formação de pessoal e o reforço na estrutura das respostas à população.
O curso
O curso de especialização em Gestão Hospitalar Fiocruz-HSL se divide em módulos presenciais, à distância e fóruns de discussão, totalizando 360 horas. As aulas presencias acontecem três vezes ao mês, com carga horária de 30 horas, em um total de dez meses. As atividades a distância e os fóruns serão realizados por meio de plataforma de EAD e somam 60 horas. A essa carga horária soma-se também mais 80 horas destinadas à redação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que deve abordar projetos alinhados às necessidades de cada Instituto.
Duas turmas de 30 alunos serão formadas. O participante poderá ter acesso aos conteúdos administrativos ou assistências, de forma mais aprofundada, dependendo da sua área de atuação.
Divulgado em 14/2/2017
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